Lenda brasileira - João-de-barro
-- Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
-- As provas do meu amor! - respondeu o jovem.
O velho gostou da resposta mas achou o jovem atrevido. Então disse:
- O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
-- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei!
Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova.
Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias! Não o deixe morrer!
O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor... Vamos ver o que acontece.
E esperou até até a última hora do novo dia. Então ordenou:
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.
Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!
Exatamente naquele momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta, onde desapareceu para sempre.
Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro.
A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os filhotes. Os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé, uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.
(FONTE: http://www.lendas-gauchas.radar-rs.com.br/joao_de_barro.htm)
Lenda japonesa - Casamento com a raposa
Um agricultor casou-se com uma mulher de outra região e estava muito feliz, até que uma noite viu a cauda de raposa pendendo sob a colcha. Sua mulher era uma raposa em forma humana!
A maioria dos homens teria ficado decepcionado com isso, mas o agricultor amava a bondosa esposa, que o ajudava a enganar os coletores de impostos, mostrando a ele como semear os campos de arroz para que estes crescessem de cabeça para baixo, escondendo a plantação dos intrometidos.
(FONTE: Mitologia - Guia Ilustrado Zahar. p.185)
Lenda indiana - O nascimento de Brahma
Enquanto Prajapati meditava, uma semente surgiu em seu umbigo. Uma flor de lótus brotou da semente e, ao crescer, foi sendo banhada por uma luz brilhante. Brahma nasceu desse lótus e da luz que o circundava. A luz se espalhou pelo cosmo e Brahma se tornou assim a essência de todas as coisas e o poder nelas contido.
Brahma se tornou também a essência do tempo: um único dia de sua vida dura quatro bilhões e 320 milhões de anos humanos. Quando esses anos tiverem passado, o ciclo da criação recomeçará e se iniciará uma nova era do cosmo.
(FONTE: Mitologia - Guia Ilustrado Zahar. p.156)
Lenda inca - Os filhos do sol
Os incas acreditavam ser filhos do Sol. Inti, o deus-Sol, era adorado no Templo do Sol; sua imagem era um rosto dourado cercado de raios solares. Mas o criador era Viracocha, que moldou os homens a partir de pedra, ainda maleável na época da Criação.
Viracocha emergiu no escuro primitivo das águas sagradas do lado Titicaca. Ele criou uma raça de gigantes, mas eles despertaram sua ira e, por isso, ele os afogou, transformando-os em pedras. A seguir, convocou o sol, a lua e as estrelas da Ilha do Sol no centro do lado. Pegou as pedras da beira das margens e com elas moldou os primeiros homens e mulheres. Pintou-os com roupas e deu a cada tribo sua própria linguagem, música e alimentos. Viracocha e os filhos viajaram entre os povos, ensinando-os a viver, antes de se afastarem caminhando pelo oceano Pacífico.
Os incas, acreditando que o sol e as estrelas estavam em guerra, tentaram amarrá-los por meio de rituais em Machu Picchu. Eles pediam a Viracocha que o mundo não findasse e ansiosamente aguardavam o seu prometido retorno. Atahualpa, o último imperador inca, acreditou que o invasor espanhol Pizarro fosse Viracocha retornando; quando percebeu o erro, já era prisioneiro de Pizarro e o império inca estava sendo saqueado.
(FONTE: Mitologia - Guia Ilustrado Zahar. p. 216)
Lenda russa - Matrioska
Abatido pelo cansaço, ele decidiu retornar à sua casa e tentar a sorte no dia seguinte. Quando ele estava dando meia volta, lhe chamou a atenção um tronco de madeira esplêndido, o mais belo que ele havia visto em sua vida. Rápido como um raio, ele retornou ao seu estúdio, porém vários dias se passaram até ele decidir o que talhar. Finalmente, decidiu fazer uma preciosa boneca.
Era tão bonita, que decidiu não vendê-la para lhe fazer companhia. “Você se chamará Matrioska”, disse ele à inerte figura. Cada manhã, ao levantar-se, ele falava com sua companheira. “Bom dia, Matrioska” . Um dia, ela lhe respondeu: “Bom dia, Serguei”. O carpinteiro se surpreendeu, porém ao invés de sentir medo, ele se sentiu feliz por ter alguém com quem conversar.
Com o tempo, o carpinteiro percebeu que Matrioska estava triste e lhe perguntou o que estava acontecendo. Ela lhe respondeu que via que todo mundo tinha um filho ou filha e ela desejava ter um. “Terei que te abrir e isso será doloroso” – respondeu Serguei. E ela disse: “Na vida, as coisas importantes requerem um pequeno sacrifício”. E sem pensar duas vezes ele talhou uma réplica, menor e lhe chamou de Trioska. Ela já não se sentia mais sozinha.
O instinto maternal se apoderou também de Trioska e Serguei concordou que esta também teria um filho, se chamaria Oska. Mas Oska também queria um decendente. O carpinteiro contou que dessa vez a madeira poderia originar uma boneca má. Oska não desistiu. Após pensar, ele talhou um boneco, bem pequeno e com bigode e lhe batizou de Ka. E o colocou em frente ao espelho e disse: “Você é um homem, não pode ter filhos!”.
Então colocou Ka dentro de Oska. A Oska dentro da Trioska e a Trioska dentro da Matrioska. Um dia, misteriosamente, Matrioska desapareceu com toda sua família dentro. Serguei ficou desolado.
(FONTE: http://isadoracln.wordpress.com/2011/06/09/a-lenda-da-matrioska-a-boneca-russa/)
Lenda alemã - Loreley
Assim sucedeu também com o filho do conde do Palatinado, Ronald, que apaixonado pelo canto da sereia, teve o mesmo fim de outros navegantes. Irado pela morte do filho, o conde enviou tropas ao penhasco, com ordens de aprisionar a sereia e lançá-la do alto do rochedo ao rio, uma queda à qual seria impossível sobreviver.
Com grande esforço, os soldados do conde escalaram o penhasco, encontrando a sereia calmamente sentada, penteando os cabelos com um pente dourado. Ao saber das intenções dos soldados, Loreley agarrou no seu colar de pérolas e lançou-o ao rio. Imediatamente levantou-se de lá uma enorme onda, sobre a qual a sereia desceu lentamente ao leito do Reno. Loreley nunca mais foi vista, mas o seu canto continuou a ser ouvido durante muito tempo, nas noites claras de lua cheia.
(FONTE: Mitologia - Guia Ilustrado Zahar. p.292)
Lenda chinesa - Os dez sóis
Mas um dia, os dez sóis se cansaram dessa rotina e decidiram brilhar todos ao mesmo tempo. Com o calor escaldante, as plantações minguaram e os rios e lagos secaram. Até mesmo as rochas derretiam. As pessoas começaram a sucumbir de fome. Parecia que a Terra estava morrendo.
Desesperado, Yao, o imperador da China e um dos Três Augustos, decidiu orar ao Imperador do Céu, o pai dos dez sóis, por ajuda.
O Imperador do Céu ouviu as orações de Yao e enviou Yi, seu arqueiro mais hábil, à Terra para alvejar nove dos sóis. Era noite quando Yi chegou. O Imperador Yao olhou para o arco maravilhoso de Yi, mas duvidou que seria suficiente para derrotar os poderosos sóis.
Os dois aguardaram até a aurora, para ver se os dez sóis surgiriam. Foi o que aconteceu e, mais uma vez, a Terra começou a rachar e a sofrer com o calor.
Yi ergueu o arco, mirou e atirou no primeiro sol. Ele desapareceu e seu espírito, na forma de um corvo enorme, caiu ao chão.
Um por um, Yi derrubou os sóis com seu arco poderoso. Quando seis já tinham sido atingidos, Yao percebeu que ainda sobravam quatro flechas. Yi era tão bom na sua tarefa que o imperador temeu que ele derrubasse todos os dez sóis e fizesse a Terra mergulhar na escuridão eterna.
Assim, enquanto Yi se preparava para mirar, Yao discretamente retirou uma das flechas da aljava. Yi acertou todos os alvos, derrubando nove sóis e o planeta começou a se recuperar da terrível seca.
(FONTE: Mitologia - Guia ilustrado Zahar. p.174)